NamePoeta Pedro Moniz Fagundez (Pedro Canga)92
Birth Date1789
Death Date1859 Age: 70
Notes for Poeta Pedro Moniz Fagundez (Pedro Canga)
O Pedro Canga é neto do Antonio Muniz Leite e da Francisca Fagundes de Oliveira por ser filho de Vicente Muniz Fagundes e de Dionisia Pereira Leal.
Pedro Muniz Fagundes, a quem se atribui o codinome de Pedro Canga, é considerado um mito nesta região de Fronteira, sendo que pouco se sabe da sua vida e da sua obra.
Criado entre os Municípios de Herval, Jaguarão e Arroio Grande, Pedro Muniz fez fama como soldado e deixou a lenda de Pedro Canga como poeta e trovador.
Nascido no Herval ou em Rio Grande, no ano de 1789, Pedro era filho de Vicente Moniz Leite e de Dionísia Pereira Leal, embora alguns atribuam a sua maternidade à famosa Josefa Canga (Josefa Moniz, tia de Pedro, nascida em 1752).
Em 1835, Pedro Muniz serviu com Silva Tavares, de quem era primo, participando ativamente da Revolução Farroupilha. Ao contrário do que muitos pensam, Pedro não foi Farrapo, mas legalista, combatendo sempre em nome dos imperiais contra os rebeldes de Bento Gonçalves.
Terminada a Revolução que durou dez anos (1835-1845), Pedro Muniz, que perdeu dois filhos (de um total de onze que teve) em combate, veio a perambular pela região, não raro se metendo em brigas e entreveros, sendo que a ele se atribui um gênio violento e com “rompantes de fúria”.
Consta que depois de velho, Pedro teria cometido um assassinato, sendo julgado e condenado a cumprir a pena de prisão perpétua em Fernando de Noronha, para onde foi mandado próximo a 1850.
Tendo fugido da Ilha de Noronha, Pedro Muniz embrenhou-se pelas matas de Pernambuco, de onde, diz a lenda, teria vindo a pé até o Arroio Grande, após mais de um ano de caminhada.
Aqui no Arroio Grande, passou a morar em companhia de um filho de nome Sérgio, provavelmente na Palma, onde vivia com a complacência das autoridades locais que, segundo consta, tinham conhecimento do homicídio praticado e da fuga de Pedro, mas lhe acobertavam a liberdade.
Morto provavelmente em 1859 (ou no início dos anos 1860), Pedro Muniz Fagundes - o cognominado Pedro Canga -, deixou uma obra intrigante, que, embora composta de apenas quatro glosas conhecidas, transcende ao costado gauchesco, traduzindo uma poesia rica em cultura e em delicadeza, aspectos incomuns por aqui, ainda mais àquela época.
Gilhermino Cesar: “O emboucado do Erval, mito e poesia de Pedro Canga”
"PODE O CÉU PRODUZIR FLORES"
Pode do mundo a grandeza/Reduzir-se tudo a nada
E ver-se em tudo mudada/A ordem da natureza
Nesta vasta redondeza/Matizada de mil cores
Pode o autor dos autores/Tornar em céu de repente
E desse modo igualmente/Pode o céu produzir flores!
Pode esse sol que alumia/Parar-se lá nessa altura
Deixar de haver noite escura/E ser sempre claro dia
Pode também a água fria/Ferver sem fogo e queimar
Podem as brenhas falar/Tornar-se a planície em serra
O peixe viver em terra/A terra estrelas criar!
Podem as águas correr/As avessas do costume
Subir ao mais alto cume/E não poderem descer
Podem os montes gemer/Amar e sentir paixão
Quando trago a coleção/Tudo pode acontecer
Mas deixar de te querer/Não pode o meu coração!
Inda mais se pode ver/Secar as águas do mar
O pau no ferro cortar/A neve no fogo arder
Também pode acontecer/O vento nunca reinar
Enquanto o mundo durar/Em silêncio se acomode
Mas meu coração não pode/Ser vivente sem te amar!
Pedro Canga